Consta na Bíblia o ensinamento
de Jesus sobre “Bem aventurados os que
têm puro o coração” (S. Mateus 5.8), isto equivale a manter no coração a
pureza espiritual. Em outras palavras, manter a firme convicção de que o homem
é um ser espiritual, dignamente filho de Deus. Essencialmente só existirá
sentimento de culpa enquanto o homem não atingir esta convicção e, vendo-se
como um ser material limitado, culpar-se por não alcançar a “perfeição”.
Cabe aqui lembrar que o mundo fenomênico,
enquanto manifestação, está constantemente buscando exprimir de maneira cada
vez mais autêntica o Mundo da Imagem Verdadeira (mundo Perfeito criado por Deus, que consta em Gênesis), portanto, o desejo do homem em
evoluir (tornar-se “puro”) é
natural. Porém, ninguém pode se tornar
algo do qual não possua dentro de si tal possibilidade, isto é, uma semente de
roseira não pode se tornar flor de Lótus, pois não contém tais características
em sua semente. De modo similar, o homem não poderia tornar-se filho de Deus se
já não o fosse. E sendo Deus o único Criador, podemos concluir que todos somos
filhos de Deus.
Porém, como consta na Sutra
Sagrada Chuva de Néctar da Verdade, surgiu em tempos remotos a ilusão fundamental que levou o homem a
se julgar um ser material sujeito à pecado, doença e morte, e desde então, movido
pelo seu subconsciente, o homem passou a criar diversas formas de infelicidade e
autopunição. Num estudo mais profundo, chegamos à conclusão de que, houve um
tempo em que a sociedade se encontrava tão arraigada na ideia de ser pecadora
que “mandou Deus seu Filho, para que
espiasse os pecados da humanidade”, mas em suma, não foi sacrifício o
propósito de Jesus. Naquele tempo, e ainda hoje, as pessoas acreditavam que
somente o sofrimento lhes aproximaria de Deus, movidas pela falsa-ideia de um
Deus vingativo, qual punia friamente os pecadores. Então Cristo se entregou num
gesto para remir totalmente os pecados da humanidade e torná-la livre, deixando
antes diversos ensinamentos que comprovam nossa essência de filhos de Deus: “E
qual de entre vós é o homem que, pedindo-lhe pão o seu filho, lhe dará uma
pedra? (...) quanto mais vosso Pai, que estás no céu” (Mat. 8-11).
Porém, é sabido que os pensamentos do subconsciente têm força-motriz
para comandar o destino e enquanto o homem se julgar um ser pecador, tenderá a
experimentar sofrimentos e desgraças diversas, como força de expiação. É
claro que de forma consciente nenhum homem deseja o sofrimento, mas enquanto o
vivencia, seu subconsciente experimenta uma espécie de prazer. Este é o fato
que explica porque quanto mais fervorosa (fundamentalista) for uma pessoa religiosa, mais
sofrimentos lhe são acometidas. Infelizmente, a ideia de “pecado original” é
algo arraigado no subsconsciente de grande parte da humanidade. Talvez muitos
questionem que nunca pensaram em tal possibilidade, por terem crescido em
religião que não prega essa crença, porém devemos saber que já
experimentamos vidas-passadas, e com certeza, em uma delas professamos religiões
com esse tipo de crença. É preciso, pois, purificar nosso subconsciente a
fim de aniquilar completamente tais pensamentos e alcançar a convicção de filho
de Deus.
Exemplificando o sentimento de culpa, podemos usar ações simples do
cotidiano. Todos já vivemos alguma situação em que a nossa consciência alertou não
ser correto agir daquela maneira, porém o fizemos mesmo assim. Pode ser que no
inicio tudo tenha prosperado, porém chegará a hora em que atrairemos alguma
infelicidade, a fim de redimir aquele erro (ou seja, pagar tal pecado). Isso
acontece porque nosso subconsciente, que é o local onde estão gravados os
sentimentos de culpa e punição, age guiando nosso consciente a fim de atrair
fatos negativos. Este é o momento em que o nosso consciente, sem se dar conta
da ação subconsciente, experimenta o sofrimento, e o nosso subconsciente
experimenta o prazer por ter seguidos sua “lei”.
Devemos lembrar que tudo baseia-se na lei de causa e efeito, mesmo
nossa mente individual também trabalha nesse padrão. Portanto, enquanto
mantivermos a consciência de culpa, nosso subconsciente trabalhará no sentido
de aniquilar essa culpa; e se nossos conceitos são de que “deve-se sofrer
aquele que pecou”, fará parte do efeito experimentar situações infelizes.
A ideia de punição não faz parte apenas da mente individual, mas da
mente coletiva. Castigos e palmadas na infância, de certa forma influem para
gravar este conceito em nossa mente. É por essa razão que, conforme a criança
deixa de ser influenciada pela vida dos pais, leva para si mesma esse conceito
de que quando errar ela precisará “pagar“. E quanto mais situações desse tipo
se manifestarem, mais fortemente ficará gravado tal conceito em seu
subconsciente.
Não cabe ao título falar sobre como eliminar da mente a ideia de culpa,
porém quando o homem compreender que sendo ele filho de Deus é inerente Sua
perfeição, aos poucos os sofrimentos irão se extinguindo, com a força da desintegração
dos carmas/ilusões. Chegará, por fim, a hora em que este mundo se tornará o verdadeiro
Paraíso, tal qual o Mundo da Imagem Verdadeira criado por Deus.
*Outras explicações sobre pecado já constam em publicações antigas, porém explanarei em texto brevemente, a fim de explicar o conceito de inexistência do pecado (quanto à Criação de Deus). Explicações detalhadas sobre manifestações da mente também serão postada.